Entrevista concedida ao PROJETO C.O.V.A.

09/06/2012 11:14

 
ENTREVISTA
 
Projeto C.O.V.A.: Primeiramente, Iam Godoy, agradecemos a vossa disponibilidade em conceder-nos esta entrevista.
Iam Godoy: Eu é quem agradeço. Já realizei várias entrevistas no meio underground, mas nunca fui convidado a participar de uma. Pra mim é uma honra, ainda partindo de uma página que trata o mundo alternativo com tanto afinco e dedicação.
 
Procova: Como e quando você começou a existir como fanzineiro?
IG: Oficialmente, há uns 10 anos atrás. Éramos (R.Raven e eu) uns daqueles “loucos” que passavam horas do dia recortando, colando e montando nossas edições marginais. Nunca tivemos nenhum retorno financeiro e nem o desejávamos (hoje talvez um pouquinho...hehehe), pois o que importava realmente na época era poder produzir a nossa própria rede de informações sem nenhum tipo de censura. E liberdade de expressão não tem dinheiro que pague.
 
Hoje em dia a situação não mudou muito. Continuamos produzindo marginalmente (com o auxílio indispensável da tecnologia) e ainda mantendo a premissa anterior, que era a produção e a divulgação dos artistas alternativos.
 
Procova: Quais os fanzines que já produziu?
IG: Bem, vários...HAHAHAHAHA. De papel produzi os fanzines VROLOK, VROLOK PAGES, FANGZINE, ODAL DE BELENOS (uma publicação voltada ao paganismo), INFERNO, DR. FREAKEISNTEIN, RUNESFOLK (voltado ao Odinismo), AS FLORES DO LADO DE CIMA, VITA SUB TENEBRAS, dentre outros. Já no formato virtual (PDF) edito os e-zines FUN HOUSE XTREME e GORE HOUSE MAGAZINE.
 
Procova: Dos fanzines feitos por outros do mesmo ramo de trabalho Do It Yourself, quais podem ser destacados como os melhores, na sua opinião?
IG: Ah, isso é fácil. Da mídia de celulose destaco O CORVO, de Marcos T. R. Almeida, ARGHHH!!!, de Peter Baiestorff, SOMBRIAS ESCRITURAS, de Arcano Soturno e principalmente os zines ASTAROTH e JUVENATRIX, do amigo Renato Rosatti que além de abrirem espaço para novos autores e artistas, mantém esta qualidade até hoje passando da cifra de centenas de exemplares. No formato PDF destaco ADORÁVEL NOITE, de Adriano Siqueira, TERRORZINE, de Ademir Pascale e evidentemente, a revista do projeto C.O.V.A.
 
Procova: Qual o prazer maior que você sente ao encerrar um trabalho, seja a criação de um fanzine impresso ou a diagramação dos fanzines virtuais Fun House Xtreme e Flores do Lado de Cima?
IG: Quase o prazer de parir...HAHAHAHAHAH!!! Como disse anteriormente, não me interessa um retorno financeiro pelo que produzo e sim um retorno pelo leitores na forma de elogios ou críticas. É extasiante navegar no Google e descobrir que páginas de pessoas que nem estão no seu círculo de contatos divulgando seu trabalho de forma séria e profissional.
 
Acho que se todos pensassem desta forma o meio underground iria ter o seu reconhecimento semelhante ao ocorrido nos anos 80/90.
 
Procova: Falando nos fanzines virtuais produzidos pela Ravens House Brasil, quais as propostas editoriais que serão postas em prática neste ano de 2010?
IG: Uma ótima pergunta. No início de fevereiro a Ravens House Brasil completará 5 anos de existência online e lançará uma Agenda Virtual com todos os seus trabalhos publicados. Engatilhados também estão os projetos VITA SUB TENEBRA (voltado a poesia soturna) e a antologia virtual de contos de horror CONTOS E CANTOS ESCUROS, mas estes dois projetos ainda estão sem data definida. Quem quiser ter seu material publicado em ambas basta enviar um e-mail para: ravens.house.br@gmail.com
 
Procova: A edição de número 14 do Fun House Xtreme, o Especial Zumbis, está fantástica; os Zumbis são os seres que mais te atraem no imaginário do Terror e do Horror?
IG: Sim...eles são fantásticos, pois para quê temer lobisomens, vampiros, demônios e outras criaturas se o maior dos monstros é o próprio ser humano? Além disso ainda tem o contexto político destas criaturas, fortemente apresentado nos filmes de George Romero. O zumbi é a manifestação máxima do escravo social em frente dos poderosos. Por quê atirar na cabeça de uma criatura morta a “re-mata”? A alegoria que se segue é que o homem social/subordinado possui somente sua mente (cabeça) como seu domínio. Destruindo a cabeça do zumbi você destrói sua vontade sendo mais fácil para manipular suas vontades e necessidades, empurrando-o diretamente para o consumismo.
 
Procova: Em um trabalho como o de fanzineiro que produz maravilhas como o Especial Zumbis e tantos outros exemplos de dedicação a uma Arte bem distante do senso comum, se o retorno financeiro não é o intuito maior, qual é, então, no seu caso em particular, o objetivo final de dita Arte?
IG: Presentear. Nunca tive a pretensão de ter o Blog do mês ou ganhar o concurso de melhor fanzine. Quando faço minhas edições penso em como um fã gostaria de ler uma matéria de um estilo que goste e admira em uma publicação, seja ela de papel ou virtual. Os e-zines da Ravens House Brasil são edições de fãs para fãs.
 
Procova: Você já foi discriminado pelo que realiza, já sofreu algum tipo de preconceito, ou ainda sofre, da parte das pessoas que sequer se dão ao trabalho de conhecerem os assuntos abordados em suas obras fanzineiras impressas e virtuais?
IG: HAHAHAHAHAH... o tempo inteiro. As “conversas” vem desde PORQUÊ VOCÊ INSISTE NISTO SE NÃO DÁ DINHEIRO?” até coisas mais sérias como “ISSO NÃO É SOCIALMENTE VIÁVEL”, mas eu prefiro quando falam “DEUS ME LIVRE!!!”.
 
Procova: Agradecemos, Iam Godoy, pelas respostas dadas nesta entrevista, e desejamos que o ano de 2010 dê-lhe, existencialmente, as mais diversas conquistas.
IG: Eu é que agradeço pelo espaço e deixo aqui registrado o apoio total ao Projeto C.O.V.A. nas páginas da Ravens House Brasil. E para quem quiser saber mais sobre esta criatura abominável que vos escreve acessem o meu web site: https://gore-godoy.webnode.com.br
 
Um grande abraço a todos.
 
Entrevista publicada originalmente no blog  Imprensa Projeto C.O.V.A. em  27 de março de 2011

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